domingo, 1 de junho de 2014

A rosa e o estômago













 

O sino que pendia sobre a torre badalava poemas de fome
O vento que varria morro acima chamava por seu nome
Era hora de levar o estômago vazio de quem não come
Era hora de esticar a mão na bacia da moeda que some

Antes estava deitado, prostrado em seu casebre
Estava deitado com o rato lhe corroendo a verve
Olhava deitado a greta da manhã e rua em febre

Antes, muito antes do sino bater
Muito antes do poema doer
Muito antes da rua ceder

Seu esôfago era uma volta que possui miolo de rosa
Era uma doca para embarcações à ilha morta
Era uma crucis de via torta
E um dia, quando tudo se acabou,
Já não zanzava a fome em arrepios
Apagou-se a existência invisível
Sumiu com a fome invencível
Simplesmente foi-se
como se nunca tivesse existido.


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2 comentários:

  1. Bonitando na filosofema.... senhor Bispo Filho! Abraços!
    France Gripp

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  2. Grato, querida France Gripp! Seu elogio é por demais valioso e muito motivador pra mim visto que você é minha poeta preferida depois da Cecília Meireles! Desse jeito a minha única alternativa é continuar escrevendo poesias, uai! Grande abraço!

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Reverbere!